"As Primeiras Coisas" de Bruno Viera Amaral
Prémio Literário José
Saramago 2015
“Quem matou Joãozinho
Treme-Treme no terreno perto do depósito da água? O que aconteceu à virginal
Vera, desaparecida de casa dos pais a dois meses de completar os dezasseis
anos? Porque é que os habitantes do Bairro Amélia nunca esquecerão o Carnaval
de 1989? Onde teria chegado Beto com o seu maravilhoso pé esquerdo se não fosse
aquela noite aziaga de setembro? Quantos anos irão durar o enguiço de Laura?
Memórias, embustes, traições, homicídios,
sermões de pastores evangélicos, crónicas de futebol, gastronomia, manhãs de
Domingo, os pretos, os ciganos, os brancos das barracas, os retornados: a
Humanidade inteira arde no Bairro Amélia.”
Quetzal, 2013
Bruno Vieira Amaral é um escritor, crítico literário e
tradutor português. Nascido em 1978, licenciou-se em História Moderna e
Contemporânea pelo ISCTE. É autor da obra, “As Primeiras Coisas” (2013).
Alguns capítulos desta obra foram lidos, apresentados e
comentados pelos alunos do 8º ano, turma C (Turma de Currículos Alternativos,
disciplina de Português), apresentando as suas conclusões em sessão realizada
na Biblioteca, orientada pelo professor bibliotecário e pela professora Cecília
Maroco.
Eis algumas das breves considerações realizadas pelos alunos,
acerca de cada um dos capítulos trabalhados,
isto é, os aspetos que mais os marcaram com as leituras realizadas:
Ladrões – “ uma
mãe que tenta desculpar os erros dos
filhos, acreditando que o seu percurso de vida pode sempre mudar.”
Igreja – “ destaca-se a forte ligação dos marginalizados/excluídos à
Igreja. A fé apresenta-se como sendo a esperança na mudança”
Beto – “ muitas vezes os sonhos são interrompidos pelos
disparates cometidos. No entanto, ainda há esperança em ser feliz…”
Celeste – “ a amante fiel, a cumprir os deveres de “esposa”, apesar
do sofrimento vivido devido ao facto de o companheiro ter outra família, a
oficial, por assim dizer.”
Heavy Mettal- “ a reação de estranheza e/ou repúdio das pessoas nos anos
80 por este tipo de música, de músicos e de apreciadores dela, que associavam à
criminalidade ou ao culto a satanás.”
Domingos – “a relevância do convívio com a família, aos domingos. A
tranquilidade do almoço em família a que se seguia o descanso dos “guerreiros”,
numa longa sesta, embalada ao som das rádios.”
Idalécio Cruz – “ a bondade, paciência e tolerância de um vendedor
ambulante perante a ausência de pagamento dos fregueses, a quem vendia
atoalhados a prestações.”
As descrições
de Bruno Vieira Amaral do Bairro Amélia (subentenda-se, do Vale da Amoreira-
Moita) serão, talvez, transversais a toda uma sociedade. A pobreza de espírito
e a ignorância, a marginalidade, não são exclusivas dos bairros sociais ou das
camadas mais pobres. Na verdade vivemos num país que pode ser considerado como um
grande Bairro Amélia, onde a esperança é o que nos permite viver e ousar
acreditar na felicidade final.